Quando
circulam as fotografias,
movem-se também
os pensamentos em torno delas.
As imagens
pensam e fazem pensar, como provoca
Etienne Samain - organizador do livro Como
pensam as imagens (Editora Unicamp).
Mas as
imagens também
fazem lembrar, sentir e falar e,
dentre tantos outros verbos possíveis,
provocam, sobretudo, a imaginar.
Pedro
Tiotino Manoel Caetano durante entrevista
ao projeto Foto Sensível.
Florianópolis-SC, 2013. Foto:
Daniel Choma.
Em
torno das fotografias, sobre elas e dentro delas, gira o
caleidoscópio da memória e da vida. Sensíveis
reminiscências feitas de sons, cantos, versos, cheiros,
cores, paisagens. No gesto das rendeiras, na história
de pescador, nos versos cantados em rodas de ratoeira ou
nos engenhos de farinha, está o patrimônio,
material e imaterial, latente em cada canto de um lugar.
Na
belíssima Armação do
Pântano do Sul, na Ilha de Santa Catarina, é onde
está situado o Ponto de Cultura Baleeira,
principal parceiro da equipe do Instituto
Câmara Clara para a execução
do projeto Foto Sensível,
que propôs uma interação estética
entre práticas nos campos da fotografia, memória,
educação patrimonial e o audiovisual. O projeto
contou com apoio da Funarte, através do prêmio Interações Estéticas
- Residências Artísticas em Pontos de Cultura 2013, Secretaria
da Cidadania e Diversidade Cultural, Ministério
da Cultura e Governo Federal.
Foram
desenvolvidas ações
de levantamento, identificação e digitalização
de fotografias antigas sobre a comunidade da Armação.
Além do registro dos principais espaços,
ofícios e personagens de referência
do local, a pesquisa buscou fotografias de engenhos
de
farinha, colheitas de café, pesca, renda
de bilros, terno de reis, festas do divino, boi-de-mamão,
procissões, carnaval, e outras temáticas
identificadoras.
Adelir
Edite Ferreira, moradora da Armação,
apresenta suas fotos pessoais
durante entrevista a Tati Costa, em Abril
de 2013.
Foto:
Daniel Choma.
A
partir de imagens praticamente esquecidas, guardadas
há tempos pelo tempo, dispersas em diferentes
acervos públicos e principalmente particulares,
buscou-se reunir e trazer à cena os segredos
guardados nas fotografias do passado. Lembranças
que permanecem presentes, impregnando de sentidos
o cotidiano e o imaginário de várias
gerações. Memórias compartilhadas
que, ao serem valorizadas pela linguagem artística,
fortalecem o sentimento de pertencimento, auto-estima
e identificação cultural das pessoas
envolvidas.
Fotografias
e filmagens em película até então
mantidas em caixinhas, gavetas, porta-retratos,
passam agora a circular por outros espaços,
a animar outras imagens e ações.
Olir
Mocelin, morador da Armação, apresenta seus slides
durante
etapa de levantamento de imagens antigas.
Foto:
Daniel Choma.
Visando
a composição de um arquivo de história oral e
a edição de um documentário audiovisual, foram realizadas
25 entrevistas, envolvendo moradores da Armação e pesquisadores
da história de Florianópolis.
Nas
entrevistas a fotografia assumiu o papel de condutor das conversas e de
fagulha que acende a memória. O foco esteve direcionado às
expressões do patrimônio cultural local, observando
as principais práticas e espaços de sociabilidade – no
tempo passado e no presente.
Cena
do documentário Foto Sensível. Rosalva
Higina Oda, mais conhecida por Vava,
é uma das principais
narradoras do curta audiovisual.
Foto: Daniel Choma.
O
envolvimento de moradores da
comunidade se fez ainda nas atividades de Educação
Patrimonial com Fotografias (fotos abaixo). A primeira
voltada aos colaboradores envolvidos na pesquisa
de fotografias
e entrevistas, onde saboreou-se verdadeiro processo
de co-educação, convivência
e sociabilidade, durante um Café com memórias.
A
segunda atividade foi direcionada a estudantes
da Escola Básica Dilma Lúcia dos
Santos, onde o Ponto de Cultura Baleeira mantém
parceria para a realização do Cineclube
Armação e oficinas de fotografia
pinhole e audiovisual, pelo programa Mais Educação.
Os
registros em áudio e vídeo das entrevistas,
combinados com imagens do cotidiano do bairro,
constituíram
a base do documentário Foto Sensível,
de 25 minutos de duração.
Com
trilha sonora original de Domingos de Salvi (Viola)
e Bernardo Sens (Flauta transversal), o
audiovisual integra imagens registradas na atualidade em
FullHD e Super 8mm por
Daniel Choma com imagens registradas em 16 mm por Edla
von Wangenheim no início
da
década de 1940
na praia da Armação, além de fotos antigas levantadas
junto aos moradores do bairro.
Como
forma de difusão, centenas de exemplares do
livro e dvd serão
distribuido gratuitamente entre os colaboradores
e comunidade
envolvida, assim como para instituições
culturais e educacionais, tais como Pontos de Cultura,
bibliotecas, escolas, universidades e instituições
museais.
Arte
da capa e contracapa do livro Foto
Sensível, que encarta a mídia DVD,
publicação
do Instituto Câmara Clara organizada por Tati Costa e Daniel
Choma.
Distribuição gratuita, comunitária e em
rede é uma das estratégias utilizadas para alcançar grupos que
não costumam ter
acesso aos produtos culturais, tais como os idosos das
periferias.
A livre circulação dos resultados em escolas,
cineclubes e Tvs
comunitárias
faz
retornar a sociedade
aquilo que lhe é de direito: suas memórias
e identidades, seu patrimônio cultural.
Acima, cartaz
do evento que reuniu o lançamento do documentário Foto Sensível (direção de Daniel
Choma e Tati Costa), a intervenção artística
Entre
a memória e a projeção (direção
de Kiyoe Iizuka e Mário Cassetari) e contou com a participação
de músicos e mestres da cultura
popular
de Florianópolis.
Abaixo, player para visualização do filme Foto Sensível - Lembranças da Armação.
Ficha
Técnica
Projeto
Foto Sensível
Direção
de Pesquisa e Produção: Tati Costa. Direção
Audiovisual e Editorial: Daniel
Choma.
Produtores assistentes:
Chico Rocha,
Vicente Pozzobon,
Clara Rossan
Trilha Sonora Original: Domingos
de Salvi (Viola) e Bernardo Sens (Flauta).
Produção: Câmara
Clara – Instituto de Memória e Imagem. Apoio: Ponto de Cultura Baleeira - Instituto 3 Vermelho. Realização:
Interações
Estéticas
- Residências Artísticas em
Pontos de Cultura
Fundação Nacional de Artes
Mais Cultura e Cultura Viva
Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural
Ministério da Cultura
Governo Federal
Às
pessoas que colaboraram cedendo entrevistas e fotografias:
•
Acácio Coelho dos Santos
• Adelir Edite Ferreira
• Aldo von Wangenheim
• Adolfo Pereira Duarte
• Alex Lino Vieira
• Andrea Ferreira Delgado
• Cintia Costa Chamas
• Dealtina Catarina de Oliveira
•
Edson José Lopes de Simas
• Eliane Veras da Veiga
• Francisca Pires dos Santos
•
Germania Anália da Silva
•
Glória Clarice Martins
• Isolina Machado Oliveira
•
Janice Gonçalves
•
Joana Carla de S. M. Felício
•
José Olir Mocelin
• Juliana Machado da Silveira
• Justina Luiza Silveira (Ondina)
• Katia Reis Mocelin
•
Leonícia de Ávila Duarte
• Lenir Costa dos Santos
• Maria Iria da Silva (Diquinha)
• Maria Teresa dos Santos Cunha
• Marilza de Oliveira
• Nilza Maria Thomaz da Silveira
• Pedro Tiotino Manoel Caetano
• Roseli Pereira
• Rosalva Higina Oda
•
Sérgio Ribeiro da Luz
• Tatiana Vieira de Souza
Às
equipes dos acervos públicos consultados e demais
instituições que apoiaram esta realização.
•
Grupo de Danças Folclóricas Alegria de Viver.
•
Associação de Pescadores Artesanais da Praia
da Armação.
•
Casa da Memória – Fundação Cultural
de Florianópolis Franklin Cascaes.
•
Setor de Coleções Especiais – Biblioteca
Universitária – Campus Florianópolis – Universidade
Federal de Santa Catarina
•
Biblioteca do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis/IPUF
•
Capela Sant´Ana e São Joaquim (Armação
do Pântano do Sul).
•
Escola Básica Municipal Profa. Dilma Lúcia
dos Santos
•
Fundação Nacional de Artes
• Programas Mais Cultura e Cultura Viva
• Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural
•
Ministério da Cultura e Governo Federal
Aos amigos do Ponto de Cultura Baleeira – Instituto
3 Vermelho:
Chico Rocha, Vicente Pozzobon, Enedina Ventura (Clarice),
Clara Rossan, Maria Margareth da Rocha Pozzobon (Duda),
Kiki Izuka e Mario Cassettari.
Às
equipes envolvidas na iniciativa Interações
Estéticas, pelas exemplares ações que
promovem: intercâmbio e articulação em
rede, experimentação artística e descentralização
da produção cultural, dentre outros importantes
valores. Nossos sinceros parabéns e agradecimentos.